Nasci em 18 de abril de 1966, e lembro-me ali, por volta de 1970, mais ou menos, a vida era dura.  Na época, morava em um local “ermo”, em Jacarepaguá, na Praça Seca, no Rio de Janeiro.  As ruas Marangá, Barão, Baronesa e Florianópolis eram cercadas de sítios e casarões, muitos deles abandonados, ruas de barro batido, não havia iluminação pública, a não ser no hospital.  No final da rua Barão e Baronesa, havia um bananal, e em sua volta havia uma floresta, nos altos montes.  Fui morar ali com 4 anos de idade.  Lembro-me que haviam córregos, principalmente nas mediações da rua Baronesa, onde eu morava.

 

No final da rua Dr. Bernardino havia até uma cachoeira.  Não havia tanque, nem máquina de lavar.  Lembro que a minha mãe e as vizinhas iam ao córrego ou na cachoeira, que descia da serra, em meio ao bananal, e ali as mulheres se reuniam para lavar as roupas.  Enquanto elas lavavam roupas, conversavam.  Eu, minhas irmãs e outras crianças ficávamos sentados debaixo de um sombreiro (barraca de praia) estudando.

 

Naquela época era comum ver mulheres que após estenderem suas roupas nas gramas, próximo a cachoeira ou do córrego.  Essas mulheres se banhavam e em seguida eram possuídas por entidades, que por incrível que pareça chegavam pedindo sangue, cachaça, criança, etc. Aquelas cenas diabólicas, para nós crianças era terrível, porque naquele momento surgia um corre-corre por parte de algumas mulheres que também tinham recém nascidos no local, porque tal entidade queria chupar o sangue dos recém nascidos e até o nosso.

 

Aquelas cenas eram assustadoras, afinal, aquela entidade dava gritos horríveis, rilhava os dentes e saía em disparada pelas ruas da pedreira, e muitas das vezes dirigia-se para uma encruzilhada, ameaçando mata-las.  As famílias, quando chamadas, ficavam aterrorizadas, e cada pessoa dava a sua opinião sendo contra ou a favor, e na ânsia de expulsar o espírito imundo, as pessoas chamavam os padres e os rezadores, que batiam no possesso com espada de são jorge, arruda, e até mesmo com a Bíblia, mas nada adiantava, a não ser pelas mãos e pela fé de alguns pastores.

 

Certo dia, quando me dirigia para o colégio, me deparei com uma pessoa feliz, que estava indo para um local com a finalidade de se empregar, e ela me dizia que a muito tempo não conseguia emprego.  Ao chegar na esquina das ruas Baronesa com Marangá, do nada, esta pessoa manifestou com uma entidade que após se apossar de uma lata de tinta vazia, que estava no caminho, batucava e gritava dizendo “eu não vou deixa-la arranjar emprego”, “ela tem que morrer de fome”.  “Eu ganhei muito dinheiro para destruí-la”.  As pessoas ao meu redor diziam que ela estava com santo.  Mas, notei que o espírito pedia cigarro, cachaça e charuto.  Eu pergunto, que santo é esse que bebe cachaça e faz tudo isso que o espírito citou?  Já que a palavra de Deus refere-se a palavra “santo” como algo puro, e quer dizer separado do pecado.  Quando a pessoa bebe, está sujando o corpo que Deus criou para ser Sua morada, e se o corpo é morada de Deus, não pode ter a presença de charuto, cigarro, cachaça, sexo sem casamento ou outras coisas que podem prejudicar o mesmo.  E por que essas coisas aconteceram com essas pessoas, e hoje continuam acontecendo com muitas mais? Por falta de comunhão com Deus.

 

No passado haviam muitas igrejas, rezadores, curandeiros, etc., e as pessoas tinham uma grande ligação com esses santos e entidades, servindo-os com seus bens e riquezas.  Eles até gastavam com essas entidades, presenteando-as com cigarros, brinquedos, cachaça, etc.  Eles tinham uma aliança, um pacto, uma intimidade com essas entidades, e não com o nosso Senhor, até falavam dEle, mas não o serviam com seus bens, com seu coração, com sua vida.  Dizimavam para entidades com velas, roupas, frutas, etc., e até provavam com altas quantias em dinheiro.  Por esse motivo essas entidades se sentiam íntimas a ponto de apoderar-se do que era delas (a vida da pessoa que as servia), enquanto os que andam com Jesus, que se batizam, e que se entregam a Ele de corpo e alma, que fogem dos vícios, do adultério, etc., e devolvem os seus dízimos para Ele, demonstrando fidelidade.  Essa atitude caracteriza uma aliança com Deus, e quem tem pacto com Deus, pedindo unicamente em nome de Jesus, essas entidades não podem tocar, porque está escrito “Aquele que é de Deus, o mal não pode tocar”.  E por que não pode tocar? Porque está pura (santa), nas mãos de Deus.